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sábado, 15 de agosto de 2009

A Origem do Mundo



uma palavrinha sobre os fazedores de poemas rápidos e modernos
é muito fácil parecer moderno
enquanto se é o maior idiota jamais nascido;
eu sei; eu joguei fora um material horrível
mas não tão horrível como o que leio nas revistas;
eu tenho uma honestidade interior nascida de putas e hospitais
que não me deixará fingir que sou
uma coisa que não sou-
o que seria um duplo fracasso: o fracasso de uma pessoa
na poesia
e o fracasso de uma pessoa
na vida.
e quando você falha na poesia
você erra a vida,
e quando você falha na vida
você nunca nasceu
não importa o nome que sua mãe lhe deu.
as arquibancadas estão cheias de mortos
aclamando um vencedor
esperando um número que os carregue de volta
para a vida,
mas não é tão fácil assim-
tal como no poema
se você está morto
você podia também ser enterrado
e jogar fora a máquina de escrever
e parar de se enganar com
poemas cavalos mulheres a vida:
você está entulhando a saída- portanto saia logo
e desista das
poucas preciosas
páginas.

Charles Bukowski

terça-feira, 28 de abril de 2009

Mais sem menos

ninguém sabe a razão,ninguém sabe a emoção de encerrar o pano e descer as cortinas,tirar a maquiagem do palhaço,remover os animais do picadeiro,retirar as vitimas do atirador de facas,soltar os balões cheios de gás da alegria para finalmente serem livres da gravidade de ser tão somente vento.de sentir o palco sentado no chão, esse chão que de tanto penar já não é mais lavado apenas com o suor de cada dia mas as noites de chuvas onde o espetáculo tem que continuar,onde as lembranças de público cheio e bilheteria vazia era o que mais me dava alegria,ver as crianças se encantando com tudo que nós podemos fazer por elas,que é pouco apenas um pouco de nossos devaneios e esperanças em pequenas quimeras embrulhadas de cavalos e saltimbancos,da bailarina que rodopia e gira nas fases da lua, para o domador que ruge a coroa do rei sol,para as belas paisagens que adornam minha preguiça de viver.
agora vou dormir e desatinar que tudo que vivi é sonho também e quem sabe talvez nunca acordar na ilusão de outra criança e brincar ternamente na aventura de viver sonhando acordado.

até o próximo espetáculo!!!

Quem doma o domador ama a dor.

nada conseguia parar a benção de imputar a realidade de uma pessoa e lá estava eu tentando convencer o domador a ser um pouco mais corajoso que uma formiga diante de um elefante,
- coloca a cabeça naquela boca enorme e nada acontecerá a sua sogra:disse com um ar de quem colocou uma bomba na enbaixadada dos estados unidos.ele apenas me olhava com a certeza da impunidade de um politico de brasilia frente a tantos devios de estradas desvirtuadas,essa virtua!mas promovia mesmo assim uma reticência maliciosa de colocar apenas meia cabeça,meio que de lado,quase saindo....subitamente e não mais que de repente a leoa soltou seu grito de alerta e então sem que ninguem esperasse o taxi,o leão fechou a boca com a cabeça a prêmio do domador dentro!ficamos ali vendo por alguns minutos a perfeita simetria dos corpos animais que algum dia possamos separar, quem sabe até quando podemos apenas pedir uma auditoria de muitos burocratas para decidir a hora certa de separá-los...ou não.

Trapezoide.o esquisito

o trapezista me enganou,me enganou!eu sabia que ele podia levitar e nunca havia perigo dele cair mas também quem pode confiar num trapezista trapaceiro que engana a morte e até a sua própria sorte tentando ser um embusteiro de marca maior e um numa dada entrevista sumiu da minha retina para longe de cada esquina.não esperava jamais isso dele, ele tinha de correr todos os riscos,e tentar todas as fugas mirabolantes para prender a respiração da plateia e perder o ponto de fuga do horizonte dos eventos breves.imortalizou a sua parada no ar só para ter que devolver os ingressos manchados de sangue da crise mundial,nem rei e nem recompensa valia a pena tanto sacrifício do voo da galinha!

Rei comeu a rainha mas foi o último a saber

a mágica é a melhor hora do dia e lá estava o mágico sempre com seu sorriso falso no bolso do paletó xadrez xeque-mate,calças lágrimas caqui da estação primavera/inverno estragada,meias sonoras arrumadas e cheias de perfume de motel caro e uma cartola de imitador de elvis presley na calvície:sabia que agora eu era um faustão pós-moderno onde se acotovelava fãs de bichos de pelúcia e almodóvar.ele sabia que me irritava tremendamente por que fazia de conta que o último número,o melhor número de mágica dele,suspeitava não realizar,jogava isso na minha cara e dizia sempre que eu deveria esperar até o último segundo,então ele revelaria se iria fazer a mágica ou não:naquela noite tudo estava em total desordem na minha mente mas ele estava calmo e realizou todas as mágicas falsas de vida e todas as sutilezas da hipocrisia dissimulada e convenientes licitações armadas e fraudulentas. quando faltava apenas alguns minutos para acabar o espetáculo,parou:olhou fixamente para todos e passando a limpo a plateia parou em mim:olhou como quem tira o pai da forca tranquilamente e disse:farei meu ultimo número hoje,não serei mais mágico e irei embora depois do número para nunca mais voltar.
o último número dele era a resposta para “o que é a vida”.fez isso e levemente desapareceu das nossas vistas,sutilmente....

Anão com o livro de todos os pensamentos do mundo.

ele se preparava para pensar,não se incomodava muito mas eu disse:-você é um anão telepata,que tipo de telepatia oculta sua face?ele disse quase só pensando:-penso que você não sabe o que acontece quando eu leio a mente das pessoas?tudo que elas pensam,eu sei de tão logo instante que percebo que não sou mais eu,perco um pouco o percurso para descobrir a trilha exata do meu ego.é como tentar subir à superfície onde se está nadando profundamente mas que se ficar boiando pode pegar um resfriado ou um tubarão....ponderei e disse:sabe aquela mulher que quase perdeu o hímen comigo?será que ela o recuperou?pensa nela também?olhou com um leve sorriso no rosto e quase como se uma dor de cabeça pudesse nos separar em castas de homem e meio telepata e canibalizar energias cerebrais numa lobotomia de retórica de politico corrupto,diz ou disse,o tempo parou:-não fui eu que pensava o tempo todo na possibilidade dela ser alguma coisa como uma hermafrodita para apenas desaparecer como uma perda de memória....esquece,ele não pode nunca esquecer..disse ou talvez só tenha pensado em voz alta.....

Circulo Quadrado da Bailarina

o picadeiro estava vazio.ninguém entrava,ninguém saia.ela estava lá agachada ou caída percorrendo suas pequenas mãos,retorcendo e contorcendo o tornozelo em alguma careta de dor,nunca sabia que eu estava ali,vendo ela fazer seu rodopio matinal sempre rodando e percebendo as pequenas curvas que seu pé dava ao lançar um pouco mais inclinado a cabeça para a direita e esquerda.sua geometria particular impedia que cometesse algum paradoxo matemático e só girava.não me via ali concentrada no seu corpo fantasma e tão invocado como qualquer maldição que seu figado que também dói,regenera.realmente,ela nunca me via ali,quase chorando de rir quando ela erra um rodopio e quase cai no chão,ela,compreensivamente,desmascara o véu de sua cumplicidade com os joelhos desarticulados e corrompidos por anos de esforço e dedicação a mim,que ela nunca percebeu que eu olhava para ela.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Circo dos Horrores da Alegria

Respeitável Público!

éramos palhaços sem dor, uma versão piorada do conceito de circo das honestidades pagãs.realmente precisávamos ser palhaços para compreender que aquela situação não poderia continuar.amando o circo e tudo mais com seus trapezistas alados e anões telepatas.o apresentador pode reapresentar finalmente a vida para os seus famintos espectadores de tv desligada.eles estavam ali para ver tudo que ele proporcionaria,todos os seus medos dentro da goela do leão que não atravessa a rua sem piscar duas vezes o sinal,a vertigem do malabarista que se equilibra com salário mínimo de mendigo,o mágico e suas ofensas libidinosas e assédio sexual no trabalho.é sempre uma vida que se acaba quando terminamos de escrever uma palavra,pensava.personagem das sombras que fala baixinho mas que não lê as entrelinhas da palma da mão,horóscopo acabado de uma linha torta da vida.sorria, estão vendo você,pensa;palhaço de todas as horas que martelam dentro do escritório fastigado pelo calor do ventilador quebrado.não pinta mais mas mesmo assim sabe que é palhaço para apenas excomungar uma reza brava.sua mulher também bailarina tem na tristeza do parto onde se esconder enquanto seu filho não vem,ama seu enjôo matinal, não poupa milagres que acontecem toda vez que destrói uma semente de esperança naquela conta atrasada no fim do mês.longe se depara um vôo do sol no seu circulo perfeito das explosões lunares,continua palhaço,pois o circo ainda não acabou na saliva histórica de cadernos tão cheios de palavras de instantes bibliotecários e confusão ortográfica.ouve-se um tiro, saiu de dentro da culatra de um sonho, não o atingiu,ficou ali parado,cético por que hoje não tinha mau humor para morrer assim,preferiu apenas descansar e ver se daqui a alguns milhares de anos alguém ainda poderia chamá-lo de palhaço,só palhaço.

sábado, 21 de março de 2009

curtas 1 o teatro nosso de cada dia

o teatro também é efêmero e imaterial: a arte teatral só se realiza no encontro de uma certa localidade espaço/temporal,no aqui e agora do palco/plateia.não há registro possível só memória.
a performance é aquilo que acontece no sujeito,o registro é aquilo que é sujeito a acontecer.a performance é uma concatenação, o registro é um continuum.